Em São Carlos, SP, indústria deu férias coletivas após redução de pedidos.
Setor está sofrendo muito para ter reserva, afirma diretor regional do Ciesp.O pagamento da primeira parcela do 13º salário, no mês que vem, é aguardado com ansiedade por trabalhadores de São Carlos [SP], mas empresários da cidade temem não conseguir pagar os funcionários por causa da redução na produção e nas vendas.
“O Brasil parou, ninguém mais compra, ninguém mais vende, e com isso as indústrias estão sofrendo muito para poder ter reserva de caixa para pagar o 13º”, afirmou o diretor regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo [Ciesp], Ubiraci Corrêa.
Pela lei, os empregadores devem cumprir prazos. A primeira parcela deve estar no bolso dos trabalhadores até o dia 30 de novembro e a segunda, até 20 de dezembro, no máximo. Mas nem todos sabem se será possível arcar com o compromisso.
Em uma indústria do setor metalúrgico, por exemplo, a linha de produção está parada. As vendas não aconteceram como o previsto e foi preciso dar férias coletivas para 110 funcionários.
“Porque nós não temos mais o que produzir. Por mais que a gente tenha tentado produzir para estoque, para guardar e futuramente entregar para os clientes, nós simplesmente não temos mais o que produzir”, disse Corrêa.
Em outra empresa, de ferramentaria e injeção plástica, o impacto do 13º dos 15 funcionários vai ser grande. O pagamento está previsto para o próximo dia 20 e só vai ser possível graças à retomada de fôlego nas vendas ao longo deste mês. Se não fosse isso, os proprietários teriam de contrair dívidas.
“Infelizmente, teríamos que recorrer a empréstimos de bancos, pagar juros altíssimos para poder honrar com os funcionários porque, no fim de ano, a gente não gostaria de demitir ninguém, para passar o Natal e o Ano Novo sem o salário”, afirmou o gerente de produção, Murilo Thomazi.
Para os empresários que atuam no comércio, o economista Luiz Fernando Paulillo explicou que a estratégia é antecipar as promoções e reduzir a contratação de temporários.
“A realidade é recessiva e qualquer ator econômico se ajusta, o comerciante vai fazer a mesma coisa. Pode ser que contrate menos ou não contrate. Em muitas lojas, é impossível deixar de contratar, mas ele faz alguma racionalização, ajuste de horas e contrata menos temporários para a época do Natal”.
G1