Mulher espera cirurgia há 18 meses e dorme dentro de carro para aliviar dor

Mulher espera cirurgia há 18 meses e dorme dentro de carro para aliviar dor

Webmaster 11/06/2013 - 23:43
Operação de ombro fraturado foi cancelada três vezes em Araraquara (SP).
Segundo dona de casa, os 20 comprimidos que toma não amenizam dor.


A dona de casa Vera Lúcia Dinois, de 54 anos, vive um drama há 18 meses em Santa Lúcia (SP), enquanto espera uma cirurgia no ombro, cancelada pela terceira vez na Santa Casa de Araraquara (SP), a última na sexta-feira (7).

Com dores constantes, é dentro do carro da família que ela prefere dormir para amenizar o sofrimento. “Dentro do carro me sinto melhor, mas a dor é constante”, disse em entrevista ao G1. A Santa Casa confirmou, na manhã desta terça-feira (11), a suspensão da cirurgia porque o material não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde. Segundo a assessoria de imprensa, o médico responsável pelo caso está fazendo um relatório para que a Defensoria Pública assuma o caso.

Deitada sobre travesseiros e almofadas espalhados em cima do banco reclinado do veículo pouco espaçoso, ela passa as noites na garagem de casa, muitas vezes sem conseguir dormir. “Ela deita e eu fico com ela até meia-noite, quando eu vou para a cama, mas umas 2h, 3h, ela começa a buzinar de dor novamente. Só que na cama era pior”, comentou o marido, Élio Dinois, aposentado de 60 anos.

“Dependendo da situação eu fico com ela ou levo para o pronto-socorro”, disse. O companheiro conta que já chegou a deixar a ponta de uma corda com ela, que ficava amarrada no seu pé. “Quando sentia dor, era só puxar que eu sentia no quarto e levantava”, explicou.

Segundo Vera Lúcia, os mais de 20 comprimidos que toma por dia para conter a dor não trazem alívio. “Eu me sinto um lixo, não consigo fazer nada com tanta dor. Os remédios não adiantam mais e já perdi as contas de quantas injeções já tomei”, afirmou. Segundo ela, já foram mais de 100 aplicações. “Passo a noite chorando, os vizinhos escutam, sofrem junto comigo e com a minha família, mas nada pode ser feito”, falou.

Acidente
As dores começaram após ter fraturado o ombro em uma queda, em dezembro de 2011. Desde então, ficou com o osso imobilizado à espera de cirurgia. “Colocaram uma tala no pronto-socorro e disseram para eu procurar um ortopedista. Ele começou a me acompanhar, disse que depois de 46 dias o osso estaria colado, comecei a fazer fisioterapia, a dor era grande e viram no raio-x que o osso ainda estava quebrado”, relembrou.

Após aguardar mais seis meses, Vera Lúcia conseguiu que marcassem a cirurgia na Santa Casa de Araraquara, em dezembro de 2012, um ano após a fratura. Entretanto, um acidente envolvendo o médico com quem se tratava fez com que a operação fosse cancelada e a cirurgia foi remarcada para maio deste ano.

“Fiquei em jejum, quando estava saindo de casa, ligaram da Santa Casa e disseram que não era para ir porque o material não tinha chegado”, disse.

Após essa segunda tentativa, uma nova cirurgia foi marcada para a última sexta-feira (7), também sem sucesso. “Estava na sala de cirurgia, o médico me viu, pediu desculpas e disse que tinha acontecido um erro e mais uma vez o material que estava lá não era meu”, comentou.

O novo cancelamento frustrou ainda mais a dona de casa e a família. “Dei um prazo de mais dez dias para resolverem essa situação, se não, vou até a Procuradoria e isso vai parar na Justiça”, garantiu o marido, que enquanto isso ajuda Vera Lúcia da maneira que consegue. “Eu rezo todo dia, leio a Bíblia para ela antes de dormir, é o que a gente pode fazer”, disse.

Providências
A Santa Casa de Araraquara confirmou a suspensão da cirurgia porque o material não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde. Segundo a assessoria de imprensa o médico responsável pelo caso está fazendo um relatório para que a Defensoria Pública possa interferir no processo.

Sobre os atrasos anteriores a junho, a assessoria informou que a responsabilidade é da Secretaria Municipal de Saúde, que ainda não se manifestou sobre o assunto.

Orientação
A Defensoria Pública de Araraquara informou que as pessoas que tiverem problemas como esse, devem comparecer à Defensoria com RG, CPF, comprovante de renda e residência e toda a documentação médica. A partir disso, será feita uma consulta com a Secretaria Estadual de Saúde para saber quais os procedimentos que podem ser tomados nesses casos.

A Defensoria fica na Rua São Bento, número 1.735, no Centro de Araraquara. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (16) 3322-2300.

G1

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