Senhora nossa do Belém

Senhora nossa do Belém

Webmaster 02/09/2010 - 23:28

Falar de Descalvado é falar da Virgem do Belém e de seu legado de fé. Uma cidade que nasceu aos pés da Virgem, que provém de uma promessa, e que se inicia e se firma no entorno da imagem de Nossa Senhora, ícone de valor religioso-histórico-cultural incalculável.

Descalvado que não abandona sua cultura religiosa e muito menos a Mãe de Deus, tem a história de seu povo e sua Igreja entrelaçada no decorrer da própria existência, não diferentemente da História ocidental.

Ao debruçarmos sobre os documentos que narram a nossa origem, nos deparamos com a sacristia da Igreja e com os seus avolumados livros tombo, com seus apontamentos sacramentais onde consta o registro dos nossos antepassados, vida e morte, tristezas e alegrias; a pitoresca história do nosso povo e suas famílias que estão legitimamente guardadas sob a proteção da Santíssima Virgem do Belém, e perenemente irmanadas e fluindo contíguas.

Inegavelmente, a Igreja teve e tem o seu papel fundamental e marcas indeléveis no cotidiano deste povo, haja vista os nomes que precederam o de Descalvado.

O legado de fé que encontramos na estirpe do nosso povo está expresso nos símbolos de Descalvado como, por exemplo, nossa bandeira e nosso escudo, com sua a flor de lis evocando a Virgem Maria ou mesmo, na majestosa Igreja matriz, que guarda aquela cuja vinda suscitou esta cidade com seu povo e sua tradição, a imagem enigmática de autoria e origem completamente desconhecidos, que o povo carinhosamente chama de a padroeira : Nossa Senhora do Belém. Intrinsecamente constituída e arraigada à história da nossa cidade, está a Igreja, está a Virgem do Belém, está a fé de um povo pacato e hospitaleiro.

Creio que o orgulho de ser desta terra tão querida e abençoada, não é somente um privilégio meu, mas de todos os seus filhos, mesmo aqueles cujo nascimento se deu em outras paragens, mas que o amor a este rincão o torna filho com a mesma intensidade, e é por isso que rabisco estas linhas, no afã de fomentar ou despertar esse amor à terra da Virgem de Lis.

A terra natal representa aquilo que somos, revela quem nós somos, é o lugar onde nossa alma se assenta, onde nosso corpo encontra repouso. Hoje, não residindo fisicamente em Descalvado, todas as vezes que para aí me dirijo, o meu coração se enche de uma alegria pulsante e revigorante por voltar à minha terra, à minha casa, à casa do pão.

Belém, a casa do pão, perícope bíblica onde nosso povo encontra a sua vocação essencial e primária, vocação à prosperidade, à fartura e à hospitalidade. No decorrer dos anos, nossa cidade acolheu muitos outros filhos advindos de diversos lugares e que aqui encontram Belém, a casa do pão, a casa da acolhida.

Aproxima-se o dia da padroeira, a atmosfera desta cidade se modifica, o povo se prepara para os festejos, a cidade se engalana para honrar a sua protetora e, imponentemente, em procissão, levar triunfalmente pelas ruas a abençoar nossa cidade, a bela e veneranda imagem da padroeira.

E aqui, gostaria de repetir uma frase do carinhosamente chamado padre José: “Descalvado é cristãmente mariana e marianamente cristã”. Àqueles que dizem que é a comemoração civil da emancipação da cidade recorra à história, e deparar-se-á com a figura singela de Nossa Senhora; Ainda mais, àqueles que dizem ferrenhamente que é idolatria, podemos dizer sem sombra de dúvidas, que é amor! Amor que nos encaminha ao reconhecimento do Ressuscitado através da candura e simplicidade do exemplo da Mãe do Belém.

Nossa história, nossa fé, nosso povo, estão juntamente inseridos na contemporaneidade, com todos os seus desafios. Descalvado, que tem por precípua à fé no Deus de Maria, Mãe de Cristo Jesus, Ele cujo poder é incomensurável, carece envergar mais uma vez da mesma fé, procedente da nossa fundação; a fé que levou nossos antepassados a louvar a Virgem Santíssima, a fé nos valores cristãos, a fé que deve nos interpelar à caridade e à constante conversão de nossas vidas.

A Igreja sempre procurou honrar a Mãe de Deus com hinos, por isso, aqui transcrevo o hino da manhã da Liturgia das Horas, que a Igreja Universal (Katoliké) canta neste dia à Virgem do Belém:

Laudes
Dona e Senhora da terra,
do céu Rainha sem par,
Virgem Mãe que um Deus encerra,
suave Estrela do mar!
Tua beleza fulgura,
cingida embora de véus,
pois nos trouxeste, tão pura,
o próprio Filho de Deus.
Hoje é o teu dia: nasceste;
vieste sem mancha à luz:
com teu natal tu nos deste
o do teu Filho Jesus.
Em ti celeste e terrena,
o nosso olhar se compraz,
Rainha santa e serena,
que a todos trazes a paz.
Louvado o Deus trino seja,
suba ao céu nosso louvor,
pois quis tornar Mãe da Igreja
a própria Mãe do Senhor.
 
 


Enfim, como bom filho no aniversário de sua mãe, quero prestar-lhe a devida honra, oh Virgem Maria, e à minha cidade querida, com seu povo e sua gente, trazer a lúmen mais uma vez a perícope do profeta (Miquéias 5-1): “E Tu Belém-Éfrata, pequena entre os clãs de Judá, de ti sairá para mim aquele que governará Israel. Suas origens são de tempos antigos, de dias imemoráveis”. Podemos não ser os maiores dos municípios, mas “De maneira alguma és a menor. NEQUAQUAM MINIMA ES ! ”

Como não poderia deixar de cantar como todo e bom descalvadense o hino da padroeira e com ele, encerro o meu preito de gratidão a ela, a Santíssima Virgem do Belém, Mãe, Rainha e Padroeira de Descalvado.

Rainha da Humanidade,
Vós sois, Maria, também,
Padroeira desta Cidade,
Virgem Santa de Belém.

Vosso amor é luz na vida,
Estrela que o céu mantém,
Salve Rainha querida!
Salve Estrela de Belém.

Nos vossos braços reluz
Toda a grandeza do Bem.
O vosso filho Jesus,
Virgem Santa de Belém.

Rogai por nós todo o dia,
Da vida os males provém.
Salvai-nos deles, Maria,
Salve Virgem de Belém.

Quem Vos despreza entre as flores?
Não há no mundo ninguém?
Salve Senhora das Dores!
Salve Santa de Belém! 
 
 

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