Na noite desta quarta-feira, 24, a OAB de Descalvado realizará uma palestra com a advogada Dra. Alexandra Carmelino Zatorre, que ajuizou centenas de ações contra a USP e contra o Estado em busca de conseguir para sues clientes, o uso do composto químico que está em desenvolvimento pela USP, a fosfoetanolamina. A palestra está agendada para as 19h30 na Casa do Advogado.
Durante a palestra a advogada irá aos presentes às formas jurídicas que ela utilizou para conseguir o uso do composto químico por seus clientes, para o combate e tratamento do câncer.
FosfoetanolaminaA fosfoetanolamina é um composto químico orgânico presente naturalmente no organismo de diversos mamíferos. Ela ajuda a formar uma classe especial de lipídeos, os esfingolipídeos, moléculas que participam da composição estrutural das membranas das células e das mitocôndrias. Do ponto de vista bioquímico, trata-se de uma amina primária envolvida na biossíntese de lipídeos. Além dessa função estrutural de formar a membrana celular, ela possui ainda uma função sinalizadora, ou seja, a fosfoetanolamina informa o organismo de algumas situações que as células estão passando.
No Brasil, uma versão artificial da fosfoetanolamina começou a ser sintetizada pelo químico Gilberto Chierice, então professor do Instituto de Química de São Carlos [IQSC] no final da década de 1980. Após alegações de que essa fosfoetanolamina sintética teria propriedades de combater alguns tipos de tumores, pacientes acometidos pela doença e seus familiares têm obtido liminares na justiça para conseguir acesso às cápsulas produzidas pelo IQSC. No entanto, como a fosfoetanolamina não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa], ela não possui bula e nem pode ser comercializada no Brasil.
Governo paulista anuncia laboratório que produzirá pílula de fosfoetanolaminaO governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou em 5 de fevereiro, por meio de nota, que o Laboratório PDT Pharma, de Cravinhos, será o responsável pela sintetização da substância fosfoetanolamina para testes no tratamento do câncer. A substância será analisada no tratamento da doença em até mil voluntários.
Depois de produzido, o medicamento será encapsulado pelo laboratório farmacêutico oficial do governo do estado de São Paulo [Furp] e, em seguida, será iniciada a fase de testes em pacientes. Segundo o governador, haverá investimento de cerca de R$ 5 milhões na pesquisa. O protocolo ainda precisa de aprovação final da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa [Conep], do Conselho Nacional de Saúde [CNS].
O protocolo de pesquisa clínica deve avaliar a segurança e a possível eficácia da substância no tratamento de pacientes com câncer em estágios avançados. O projeto de pesquisa para testar a fosfoetanolamina sintética será realizado pelo Instituto do Câncer [Icesp].
Na primeira fase, o estudo prevê que serão avaliados dez pacientes para determinar a segurança da dose utilizada na comunidade. Se a droga não apresentar efeitos colaterais graves, a pesquisa continua.
No estágio um, está prevista a inclusão de mais 21 pacientes para cada um dos dez grupos [tipos] de tumor: cabeça e pescoço, pulmão, mama, cólon e reto [intestino], colo uterino, próstata, melanoma, pâncreas, estômago e fígado. Se observados sinais de atividade da substância nessa fase, o estágio dois começará com mais 20 participantes em cada grupo.
Comprovada a atividade relevante da droga, haverá inclusão de novos pacientes até atingir o máximo de mil pessoas. Conforme o governo, a Universidade de São Paulo [USP] cedeu ao Estado o direito à pesquisa e produção da substância para utilização nos testes. A síntese do elemento químico é estudada há 20 anos pelo pesquisador aposentado Gilberto Chierice.