Após meses de conversa, dirigentes de PTB e DEM decidiram nesta sexta 29 suspender as negociações para uma fusão das siglas. O principal motivo da ruptura foi a falta de acordo sobre a divisão de poder e do dinheiro do fundo partidário que caberia à nova legenda. Também havia divergências sobre o comando de diretórios estaduais, especialmente o de São Paulo.
O divórcio entre os partidos foi discutido no casamento do ex-deputado Roberto Jefferson, que continua a ser a voz mais forte no PTB. O secretário-geral da sigla, Campos Machado, atacou a cúpula do DEM e disse que a tentativa de fusão já pode ser vista como "página virada".
"Isso deixou de ser fusão e passou para o Código Penal. Virou estelionato, tentativa de apropriação indébita. A culpa é dos fenícios, que inventaram a moeda", ironizou, referindo-se à disputa pelo fundo partidário. Na saída da festa, o deputado Benito Gama PTB-BA também descartou a união: "A fusão não subiu do telhado. Ela já caiu do telhado".
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia RN, disse lamentar o desfecho. "Se a fusão não é possível, paciência, lamento. As coisas só dão certo quando são boas para os dois lados."
O DEM exigia que as decisões da futura sigla fossem tomadas por 60% dos votos da Executiva. Na prática, isso impediria a hegemonia dos petebistas. O grupo de Jefferson recusou o pedido, alegando quebra de confiança. "Não havia desconfiança, e sim a tentativa de garantir consensos. Como para eles isso é inegociável, chegamos a um impasse", disse Agripino.
Com o aumento das verbas do fundo partidário, o repasse à nova legenda chegaria perto de R$ 70 milhões por ano. Ela passaria a ter a quarta maior bancada da Câmara, com 46 deputados. Só ficaria atrás de PT, PMDB e PSDB.
POR BERNARDO MELLO FRANCO
DE COLUNISTA DA FOLHA
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