Aumento em casos de automutilação preocupa São João da Boa Vista

Aumento em casos de automutilação preocupa São João da Boa Vista

Webmaster 20/04/2015 - 09:52
Número de ocorrências foi de três no ano passado para 19 no ano de 2015.
Jovens de idades entre 13 e 15 anos são, na maioria dos casos, meninas.



O número de casos de automutilação em adolescentes aumentou de três casos no ano passado para 19 em 2015 na cidade de São João da Boa Vista (SP). Os jovens de idades entre 13 e 15 anos que machucam o próprio corpo são, na maioria, meninas. As escolas têm sido fundamentais para descobrir o problema. Além de orientar os pais, o Conselho Tutelar também faz o encaminhamento dos adolescentes para os tratamentos necessários.

Uma adolescente de 16 anos, que não quis se identificar, cortou os braços mais de 20 vezes e afirma que fez isso porque não tem amigos e sofre bullying na escola. “Eu tinha assistido um filme, eu achei que podia fazer igual, que como no filme, ia passar tudo o que eu tava sentindo. Esperava meus pais saírem, me trancava no banheiro e me cortava”, relatou.

O irmão dela, de 14 anos, fez o mesmo e cortou o braço com uma lâmina de barbear e uma faca. A cada machucado, a dor piorava. “Doía também não só como dor física, mas também como dor emocional”, disse.

A mãe ficou desesperada ao saber que os filhos praticavam esses atos. “Como mãe, é um corte na gente também, né? A gente não espera que isso aconteça com o filho da gente”, falou.

Atualmente, os dois filhos da balconista pararam de se automutilar. A mãe acredita que o diálogo entre eles e a ajuda médica foram fundamentais para a melhora. “Eu sempre estou perguntando pra ela se está tudo bem na escola, se ela quer conversar. É porque antes ela não se abria, eu também não sabia como lidar”, ressaltou.

Motivação
O conselheiro tutelar Rodrigo Barbosa conta que as escolas tiveram um papel importante na descoberta, já que perceberam alunos usando roupas de manga comprida no calor. Sempre que surge um novo caso, o conselheiro convoca o adolescente e a família para uma conversa. Barbosa acredita que o diálogo dentro de casa pode evitar situações ainda piores.

“Relatos das escolas, as mediadoras falam o que ta acontecendo, porque. ‘Ah, minha colega fez isso e deu certo, eu conseguia sair, eu conseguia aquilo’. As vezes é um pouco de birra do adolescente. ‘Ah eu queria um notebook novo, eu não conformo porque minha mãe com meu pai são pobres’”, explicou.

A psiquiatra Lisandre Frazão Brunelli acredita que vários motivos podem levar os jovens a atitudes de automutilação. “Pode ser uma atitude, uma tentativa de aparecer, como se diz. Mas também pode ser um sintoma de um transtorno mental grave ou um pedido de socorro”, contou.

Recuperados, os jovens que já passaram pelo problema esperam servir de exemplo para evitar que outros façam o mesmo. “Eu vi que isso não era saída pra nada. Eu, além de estar me machucando, eu estava machucando as pessoas que se importavam comigo, porque elas não gostavam de me ver daquele jeito. A melhor saída é a pessoa procurar ajuda, ver o lado bom das coisas, conversar mais com os amigos, com a família”, apontou um jovem que não quis se identificar.

G1

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