Homem erra caminho para hospital e faz parto do filho no carro em Ribeirão

Homem erra caminho para hospital e faz parto do filho no carro em Ribeirão

Webmaster 07/05/2014 - 14:58
Anderson Rogério ajudou sua mulher a dar à luz às margens de rodovia.
"Emoção muito grande", afirma Viviane da Silva, mãe de Rhyan Enzo.


O guarda civil municipal Anderson Rogério da Silva, de 37 anos, já tinha noções básicas de primeiros socorros, mas nunca imaginou que colocaria à prova o que sabia para fazer um parto normal de emergência do próprio filho, depois de errar o caminho para a maternidade. Mesmo com todo o nervosismo causado pela distração no trânsito e pelas fortes dores de sua mulher Viviane Cavalcanti da Silva, de 33 anos, o morador de Ribeirão Preto (SP) conseguiu, dentro de seu carro, concluir com sucesso o nascimento de Rhyan Enzo na manhã do último domingo (4) antes de encaminhá-lo com a mãe para atendimento no Centro de Referência da Saúde da Mulher de Ribeirão Preto (Mater).

Silva relata que, após uma madrugada em claro em razão das fortes contrações sentidas por sua mulher, saiu de carro com Viviane no início da manhã do domingo em direção à maternidade na zona norte da cidade. Preocupado com mãe e filho – o quarto do casal –, o guarda diz que acabou perdendo a entrada certa na Rodovia Anhanguera para seguir até o hospital e que só percebeu isso quando estava próximo de Jardinópolis (SP), município vizinho de Ribeirão. "A toda hora eu olhava para ela. De repente passei a entrada para a Mater, acabei errando. Tive que fazer o retorno. Nisso minha mulher já falou que meu filho estava nascendo", lembra.

Apreensivo pelo equívoco e pelo pouco tempo que tinha, pegou o retorno mais próximo, ainda na esperança de chegar à maternidade, mas não teve tempo para mais nada. Enquanto ele dirigia, sua mulher já começava a dar à luz. A cabeça do bebê já podia ser vista fora do corpo de Viviane. O guarda civil parou o veículo no acostamento e, depois de tentar pedir ajuda para outros motoristas na pista, percebeu que tudo estava em suas mãos. "Eu me senti nervoso, mas veio aquele instinto de que eu precisava manter a calma. Aquele momento pedia aquilo de mim. Parei o carro no acostamento e pensei comigo mesmo: "era eu, ela e Deus. Foi o que passou pela minha mente", afirma.

Diante da responsabilidade de concluir o trabalho de parto, ainda que sem recursos à mão, instintivamente Silva se lembrou das aulas de primeiros socorros adquiridas desde que começou a atuar como guarda civil há 18 anos. Embora nunca tivesse feito aquilo antes, conseguiu fazer a coisa certa: com a mulher no banco do passageiro, terminou de retirar o bebê e cuidadosamente desenrolou o cordão umbilical do pescoço para evitar uma asfixia. Segundo o casal, a criança nasceu às 7h50, no quilômetro 319 da Anhanguera. "Aquilo me deu uma emoção muito grande, foi muito lindo. Eu falava: "filho, você nasceu"", diz, em lágrimas, a mãe.

Em meio aos procedimentos, Silva e Viviane experimentavam uma sensação única: estavam eufóricos e emocionados pelo nascimento, mas sabiam que a aventura ainda não havia acabado. "Ela [Viviane] chorou de emoção, eu também. Agradeci a Deus por me dar sabedoria de fazer o parto. Eu já tinha certeza de que tudo tinha dado certo. Mas foi uma alegria contida pela necessidade de manter a calma e finalizar minha missão, que era chegar ao hospital", diz o pai.

Seguro de que ainda tinha um pequeno espaço de tempo para que o cordão fosse cortado, o pai acomodou o recém-nascido no colo de sua mulher e refez o trajeto ao hospital, desta vez sem erros. Com a chegada à maternidade por volta das 8h10, uma equipe médica concluiu a retirada da placenta e cortou o cordão umbilical ainda com a mãe no veículo, antes que Viviane e seu filho fossem conduzidos ao interior da unidade.

Com Enzo sem problemas de saúde, a mãe garante que sentia, desde o início da gravidez, que teria Enzo de uma maneira especial. "Sinto que ele é uma grande vitória. Todo mundo do hospital veio me parabenizar no quarto. E parece que ele [o bebê] entende isso."

Depois de tudo que aconteceu, o guarda de Ribeirão Preto se sente um privilegiado e pleno com a família que constituiu. "Quatro está de bom tamanho. Estamos muito felizes."

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