"Nesse país não existe justiça", afirma pai de grávida morta em acidente

"Nesse país não existe justiça", afirma pai de grávida morta em acidente

Webmaster 12/01/2014 - 14:15
Suspeito de causar colisão estava bêbado, mas pagou fiança e foi solto.
Acidente há sete dias matou casal recém-casado em São Carlos, SP.




“Três vidas foram levadas, incluindo a de um anjinho que estava no ventre da minha filha, e o responsável por isso está solto. A única coisa que consigo dizer é que não existe justiça neste país”. O desabafo é do motorista José Vergílio, de 53 anos, que há uma semana perdeu a filha grávida e o genro em um acidente de trânsito em São Carlos. O motorista suspeito de provocar a colisão foi preso em flagrante após teste de bafômetro indicar presença de álcool no sangue, mas foi solto após pagar fiança de R$ 10, 8 mil.

A indignação e o sentimento de uma perda irreparável marcaram os últimos dias na vida de Vergílio, que diz que encontra força pra continuar vivendo no neto de 4 anos, que sobreviveu ao acidente. “Meu chão sumiu, tudo isso que aconteceu está me comendo por dentro, mas tenho mais uma filha, e dois netos, incluindo essa vida de 4 anos que agora não tem mais a mãe, e é por eles que eu vivo”, disse o pai de Lidiane Christine Vergílio do Nascimento, de 28 anos, que estava grávida de 8 meses de seu segundo filho.

Ela e o empresário Paulo Ricardo, de 23 anos, que também não sobreviveu ao acidente, estavam casados há 20 dias e tinham viajado para a praia com o filho dela de outro relacionamento e um casal de amigos, que sofreram ferimentos leves. Eles voltavam para Dourado (SP) quando foram atingidos por outro carro na Rodovia Luís Augusto de Oliveira (SP-215), na madrugada de 5 de janeiro.

Vida nova
“Esse acidente interrompeu uma vida nova, a Lidiane estava feliz, recém-casada e recém-formada, neste final de semana ela prestaria um concurso para professora, no mês que vem teria um novo filho e eles se mudariam para a casa que estavam construindo e que já está quase pronta”, relatou Vergílio.

A casa de aluguel em que eles viviam continua ocupada, uma maneira de manter a memória do neto de 4 anos, que ainda não sabe da morte da mãe. “Ele está sendo acompanhado por uma psicóloga e vamos esperar o momento certo para contar e não queremos que ele veja a casa vazia. Ele é esperto e faz perguntas sobre a mãe que não temos coragem de responder”, disse.

O menino está sob o cuidado dos avós e do pai, que já acionou um advogado para tentar uma indenização para o filho. “Queremos pelo menos que o responsável por isso pague uma pensão até ele conseguir se sustentar sozinho, é o mínimo que deve ser feito, por mais que isso não traga minha filha, a mãe dele, de volta”, comentou o pai de Lidiane.

Suspeito
O suspeito de provocar o acidente, o engenheiro Tiago Scapim, de 30 anos, foi solto na segunda-feira (6), depois de pagar indenização de 15 salários mínimos, o equivalente a R$ 10,8 mil. Ele responderá por lesão corporal, embriaguez ao volante e homicídio doloso, quando há intenção de matar. Em princípio, o caso deve ir a júri popular.

Segundo o advogado do rapaz, David Pires, o engenheiro é réu primário, sem antecedentes criminais, possui residência fixa e atividade profissional lícita. Ainda segundo o advogado, Scapim foi confundido pelo farol alto de outro veículo na pista.

Homenagem
Neste domingo, familiares e amigos farão uma homenagem ao casal morto no acidente com uma partida de futebol. “Era uma das coisas que o Paulo mais gostava, então vamos fazer isso para pedir justiça e cobrar que algo seja feito, porque até agora o juiz observou que três vidas valem só R$ 10 mil”, disse o irmão do empresário, Luís Augusto do Nascimento.

G1

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