Trabalhadores demitidos de fazenda não conseguem voltar para Minas

Trabalhadores demitidos de fazenda não conseguem voltar para Minas

Webmaster 29/08/2013 - 07:42
10 pessoas foram para Divinolândia, SP, mas dizem que foram enganados.
Condições de trabalho e alimentação também estão entre as reclamações.


Dez trabalhadores rurais que saíram de Madre de Deus de Minas (MG) para trabalhar em uma fazenda de café de Divinolândia (SP) reclamam da falta de pagamento, alimentação e das condições de trabalho. A situação piorou depois que todos foram demitidos e sete deles ficaram sem dinheiro para voltar para casa. O sindicato da categoria reclama da falta de fiscalização do Ministério Público do Trabalho (MPT), que afirma não ter recebido a denúncia formalizada. A Prefeitura vai pagar as passagens de retorno.

Há duas noites os trabalhadores dormem em uma sala improvisada pela Prefeitura. “Melhor que na rua, porque o homem despejou a gente. Mandou sair fora. Quando ele foi buscar era uma coisa, chegando aqui foi outra”, disse o trabalhador rural Jordan César do Nascimento.

Todos viajaram mais de 400 quilômetros para um serviço temporário de colheita de café da fazenda Ribeirão de Santo Antônio, mas no local as condições de pagamento que o fazendeiro havia prometido mudaram. “Ele prometeu pagar R$ 50 o dia e, quando a gente veio para cá, ele já mudou completamente a conversa. Falou que não dava para pagar R$ 50 o dia e mesmo assim, no começo, ele estava pagando R$ 10 o alqueire. Depois o encarregado conversou com ele e passou para 12”, disse o trabalhador rural Eron Silva Nascimento.

Eles recebiam pouco mais de R$ 500 por mês, valor bem abaixo do salário mínimo. Eles pagavam pela alimentação que o dono da fazenda levava. “Teve dia lá que a gente estava comendo banana e abacate. Não dava nada e a gente tinha que pagar a compra da gente. Ele mesmo vendeu no mercado dele”, afirmou o trabalhador rural Napoleão Santos Carvalho.

Irregularidades
Alguns ainda estão sem registro na carteira de trabalho. O presidente do sindicato de trabalhadores rurais, Vitório Zorzi Jr, soube da situação e tentou um acordo com o fazendeiro na semana passada, mas não adiantou. A alternativa foi recorrer ao Ministério do Trabalho, que também não tomou providências. “Que não podia fazer nada porque não tinha fiscal. O proprietário disse que ia registrar o trabalho de 15 dias para cá. A nota fiscal do mercado dele ficou comprovado que os empregados estavam falando a verdade” , destacou.

A assessoria do Ministério Público do Trabalho (MPT) informou que a unidade de Campinas já tinha recebido a denúncia e abriu uma ação contra a fazenda. Um fiscal deve ir até o local.

Sobre a falta de fiscalização, a gerência regional do trabalho informou que nenhuma denúncia foi formalizada e, por isso, ninguém foi até o local.

Na segunda-feira (26), os trabalhadores foram obrigados a deixar a casa em que estavam alojados na zona rural e foram para a cidade. Apenas três conseguiram voltar para Minas Gerais, entre eles um menor. “Tinha um menino de 16 anos, a mãe dele e um outro colega. A família deles mandou dinheiro, mas ele foram embora e a gente ficou”, afirmou a trabalhadora rural Elaine das Dores Natal.

Fazenda
O dono da fazenda, que também é proprietário de um posto de gasolina, disse que pagou os trabalhadores rurais conforme o combinado, mas em nenhum momento disse qual seria o valor acordado entre eles. Sobre a falta de registro em carteira, ele informou que vai apresentar os documentos ao Ministério do Trabalho comprovando que os funcionários estavam registrados. Contudo, ele se recusou a justificar a presença de um menor na lavoura.

As sete pessoas permanecem no espaço cedido pela assistência social, já que ninguém tem condições de pagar a passagem. “A cidade não tem um albergue por conta da demanda, mas pegamos algumas salas que estavam vazias, demos alimentação e estadia. A Prefeitura vai providenciar o retorno para a casa deles”, afirmou a assistente social Patrícia Olivieri.

G1

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